Villa de San Francesco - 1469 |
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an Francesco, no ano de Nosso Senhor de
1469 era uma pequena cidade ao norte da Itália pré-renascentista, cercada por
uma alta muralha, nascia no meio de um vale e isso nos transmitia uma sensação
de segurança, as casas eram pequenas e padronizadas, as ruas se organizavam em
torno da praça da igrejinha de San Lorenzo fazendo parecer que a fé era a
principal preocupação entre meus concidadãos, o interior da capelinha era
pequeno, mas todo ornamentado em ouro puríssimo, imagens de Santos vigiavam o
altar e um afresco da santa ceia na abóboda circular dava ao interior do
santuário um ar bastante sofisticado os vitrais que rodeavam a construção
contavam a história da paixão de Cristo, nosso pároco era o padre Eufebio
Bolcchi, um senhor de muita fé de uns sessenta e muitos anos que era respeitado
por todos, seu estado de saúde estava bastante debilitado e fazia trinta luas
que não celebrava mais as missas, seu substituto já havia chegado a cidade,
Girardo Lucato, um jovem de vinte anos, muito bonito devo dizer, aparentava ser
de origem francesa, mas seu sotaque era de um italiano nativo, falavam com fé
sobre a ira e os castigos de Deus sobre os pecadores, mas algo em seu discurso
não me convencia, no convento atrás da igreja moravam também dois monges o irmão
caçula do velho pároco, Zenobio Bolcchi e o jovenzinho Benito Fregoso, eles
manuscreviam a Bíblia, alfabetizavam os nobres da região e eram também eles os
responsáveis por catequisar todos da cidade e dos feudos mais próximos.
San Francesco era o lar
de pessoas aparentemente comuns, e estávamos ainda muito cravados na tradição
feudal e essa era ainda a principal atividade econômica, o comércio era uma
tímida fonte de renda, a classe burguesa ainda se mantinha em menor número e
sem nenhum poder político, apenas alguns senhores feudais largavam suas
relações de vassalagem na esperança de progresso na cidade, mas logo se
arrependiam por não terem o apoio de vossa Altezza
Eric Sturdza, que por sua vez, sempre fora um príncipe sombrio, que nunca era
visto entre seus governados, nem nos dias de comemoração e festivais que eram
tradicionais e corriqueiros entre nosso povo, agia como uma sombra sobre a
Itália, governava seu território com tirania e punhos de aço, diziam as más
línguas que tinha vendido a alma ao demônio em troca de poder e riqueza,
ninguém sabia nada de concreto sobre ele e a família, o irônico é que ainda
tinha certa fama de ser piedoso às vezes, seu imponente castelo ficava ao alto
da montanha mais próxima de nós, de lá tinha uma visão bastante privilegiada da
cidade, dos feudos, do rio calante e
de uma parte extensa do principado vizinho, era um ponto bastante estratégico,
pois evitava ataques surpresa dos muitos inimigos que possuía, sua fortaleza
era guardada por um poderoso exército que era comandado por seu filho, um rapaz
que nunca se ouvira falar no nome até aqui, com seus duques e condes mantinha
uma forte e aparentemente indissolúvel aliança, dentre esses nobres meu pai
também se encontrava, mas nunca nos dissera nada sobre os “trabalhos extras“
que fazia vez ou outra para nosso governante, a principal característica dessa
“sociedade” era a descrição de todos os que estavam envolvidos nela, mas
deixemos esses detalhes para mais adiante.
Eu cresci ali, naquela
cidadela pacata e isolada do restante do mundo. Tinha 16 anos, minha aparência
física não era das mais atraentes, pois eu era completamente diferente de todas
as outras pessoas do vilarejo. Minha pele muito branca, clara como a neve que
cai no inverno, em contrapartida meus olhos e cabelos são negros como as noites
sem lua fazendo um contraste com minha cútis pálida. Meu rosto é comum, mas meu
corpo era forte e delgado graças aos exercícios que praticava com Fausto, mas
mesmo assim não era o tipo de pessoa que alguém olharia e diria: - Nossa! Como
ela é linda! – não! Isso passava longe de acontecer. Eu chamava mais atenção pela
inteligência do que pela beleza e isso me bastava para arrancar olhares
curiosos dos jovens do meu povoado.
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